Divindade


Espero eu que nunca me interrogue,
olhando-me nos olhos, bem no fundo,
quem gere a minha escrita, este meu mundo,
que mais parece um templo, um pagode,

a uma divindade proibida,
num culto transcendente, isotérico,
que exulta no meu verso mais histérico
a deusa da paixão mais escondida.

Iria eu mentir-lhe concerteza
guardando para mim esta fraqueza
que tanta força faz na minha escrita.

Negar-lhe a evidência mais clara
que mais perece um vício, uma tara,
não fosse esta dor que aqui grita.